Quando a gente mora em algum lugar, fora do país, e se a gente é daquele tipo de pessoas que tem um zelo pela inserção na outra cultura, no domínio da língua do pais onde nos encontramos, no respeito pelos costumes dos outros povos etc, muitas vezes, justificamos tal zelo, atacando a nossa própria cultura, chegando ao ponto de negar as nossas próprias raízes. É comum concordar com declarações do tipo: “Brasileiro é um povo complicado... principalmente quando está em outras terras!” ou “Eu não gostaria de ser “identificado” com os brasileiros: eles são sinônimos de atrasos, barulho, emocionalismo etc!”
É comum também ver pessoas que se expressam noutras línguas com considerável fluência, fazer de tudo para não ser identificado como “brasileiro”, principalmente por causa da maneira como estes se expressam em outras línguas: sotaques, erros gramaticais etc.
No entanto, andando por alguns lugares do mundo, relacionando-nos com pessoas e costumes de outras culturas, e refletindo um pouco mais sobre singularidade histórica, social e cultural do povo Brasileiro, chegamos à conclusão de que ser identificado como “brasileiro” é uma grande bênção, e negar nossa origem é renunciar ao propósito de Deus para nossas vidas que, queiramos ou não, começa a ganhar força a partir da nossa terra e cultura.
Um dos episódios que ocorreram na vida dos apóstolos que ficou mais popular, e por isso mais gravado na mente das pessoas, é aquele no qual Pedro nega Jesus. Pedro ficou estigmatizado por causa daquela atitude. Porém, é sempre necessário que percebamos o quanto aquilo significou para o caráter, a vida e o ministério daquele discípulo de Jesus.
Desde muitos séculos atrás o nome e a própria pessoa de Jesus vem sendo alvos de ataques, descréditos, especulações etc. De fato, Jesus é o personagem da história “humana” mais intrigante e mais desafiador que se conhece. Por isso é que anos atrás, escritores cristãos, de vários segmentos, levantaram a seguinte consideração: “Ou ele era um louco, ou ele era Quem de fato disse que era!” Fica cada vez mais claro que o reconhecimento da identidade de Jesus é um mistério revelado graciosamente aos seus discípulos.
Essa consideração sobre Jesus é importante para termos em mente a realidade de que o impacto da Pessoa de Jesus no mundo, de alguma forma misteriosa, passa pelo posicionamento dos seus discípulos. Mas, aí vem a grande questão: O mundo está conseguindo reconhecer Jesus? Os discípulos de Jesus estão sendo reconhecidos como “discípulos”, ou estão tentando camuflar esta identidade?Se tiver condições, dê uma lida no texto do evangelho de Marcos, cap. 14, vers. 66-72 e reflita uns instantes...
QUANDO É QUE NEGAMOS JESUS?
QUANDO ESCONDEMOS NOSSA EXPERIÊNCIA DE ENCONTRO COM JESUS
A acusação da empregada a Pedro foi: “Você também estava com Jesus de Nazaré!” – Esta acusação é antecedida por um comentário importantíssimo: “...uma das empregadas do sumo sacerdote olhou bem para ele...” – Pedro havia sido, antes, observado pelos olhos da sociedade. Este é um fato que, semelhantemente, deve ser levado em conta por todos nós: estamos sob os olhos de Deus e sob os olhos do mundo!
A reação de Pedro: NEGAR e FUGIR – Reações comuns de quem pretende negar o que viveu. Talvez por se encontrar frustrado ou decepcionado diante das expectativas pessoais que havia construído a partir de suas próprias conclusões acerca do que Deus deveria fazer em seu benefício. No entanto, uma coisa é certa: em qualquer lugar, e a qualquer hora, a realidade ou o “desafio” do nosso seguimento de Jesus virá à tona!
QUANDO NEGAMOS FAZER PARTE DA IGREJA DE JESUS
A outra acusação: “Este homem é um deles!” – Ao que Pedro NEGOU. Agora o que se vê é uma identificação de Pedro com a comunidade dos discípulos. Está tudo num pacote só! Independente daquilo que se concorda ou discorda, somos – ou seremos - identificados com o grupo que carrega o mesmo rótulo (com ou sem nome) e declara ter o mesmo propósito e, sobretudo, a mesma fé.
Negamos isso, entretanto, quando abrimos mão de nos comprometer pra valer com a Igreja, ou quando a atacamos a fim de sermos aplaudidos e aceitos pela “sociedade” ou por determinado grupo de “críticos” ou insatisfeitos.
Algumas vezes as pisadas na bola, os erros sociais, os sotaques alienantes nos fazem sentir vergonha da “igreja” e de sermos confundidos com ela... mas, na realidade, ela é, ou faz parte de, a Igreja do Senhor e nós, com todas as nossas fraquezas, limitações e imperfeições, também damos forma e fama à ela. Nossas ações e reações influenciam diretamente no perfil que a igreja apresenta ao mundo. Como disse John Wimber: “Se amamos Jesus, devemos amar o que ele mais ama: a Sua igreja!”
QUANDO RENUNCIAMOS AO COMPROMISSO COM A PALAVRA DE JESUS
A acusação seguinte foi: “Não há Duvida de que você é um deles, pois você também é da Galiléia!” – Muitos dizem que a maneira de falar denunciava os galileus. A cultura está impregnada em nós! Quando temos relação com as palavras de Jesus, ou mesmo com a Bíblia, a cultura de suas palavras criam em nós um “novo sotaque”: isso é inevitável!
A reação de Pedro, desta vez, foi então mais intensa: “Juro que não conheço este homem de quem estão falando!” – Naquele momento ele negava a messianidade, e até a divindade e a especialidade daquele que o havia amado de maneira tão profunda. Atualmente, a declaração de paixão pelo descobrimento e conhecimento da Pessoa de Jesus tem vindo (pasmem!) de pessoas de fora do âmbito da Igreja: escritores, artistas, psicólogos, acadêmicos etc... Enquanto isso, os que o conheceram, aparentemente de verdade, tem ficado ocupadíssimos em discorrer sobre assuntos secundários da estrutura e de discussões sem sentido a respeito dos costumes da igreja.
Negamos a Palavra de Jesus quando aderimos a valores e princípios de vida que são contrastantes com a vontade de Deus. Quando nossas ciências, nossa “achologia”,a falta de coração aprendiz, nossas tradições familiares, nossos bens materiais etc, se tornam juízes dos princípios esclarecidos pela Pessoa e pelas palavras de Jesus.
Então, concluindo...
Pedro passou por um processo de conversão e renovação para seguir em frente e ser um poderoso instrumento de Deus. Este é o processo pelo qual todos devemos passar constantemente:
Lembrar-se a si mesmo das palavras de Jesus : “Aquele que se envergonhar de mim e das minhas palavras, eu também me envergonharei dele diante do Pai...”
Cair em si – Essa é uma expressão recorrente no Novo Testamento, e diz respeito a “recobrar o juízo” e “voltar à sensatez”. Começa por olhar para si, exclusivamente para si mesmo, honestamente e disposto a agir a partir da vontade de Deus.
Chorar o choro do arrependimento – Lembrando que arrependimento( em Pedro, é a tristeza que o conduziu à vida nova) é diferente de remorso( como em Judas, diante da autoacusação que o conduziu ao suicídio). O choro do arrependimento é o “rasgar do coração” diante de Deus suplicando pela renovação da fé, e dispondo-se a trilhar o caminho da mudança.
Você é um dos discípulos de Jesus? Como você se assegura disso? Como é que os outros estão reconhecendo Jesus a partir de sua vida, atos e obras?