“O caminho do SENHOR é refúgio dos íntegros,
mas é a ruína dos que praticam o mal” Provérbios 10:29
Vivemos numa época em que todo absoluto é questionado, atacado e depreciado. Onde impera o individualismo, impera a relativização de todas as coisas. No entanto, a busca do ser humano por algo absoluto é historicamente irrefutável – mesmo pela ciência que se devota a buscar soluções até dos mistérios da criação (ou origem de todas as coisas). É a desesperada, e não tão reconhecida, procura pelo Absoluto dos absolutos: este é um termo para se referir ao Eterno, o Deus Absoluto.
No entanto, a revelação do Absoluto dos absolutos é concedida aos simples de coração (Mt. 11:25), e estes são aqueles que optam por mergulhar na experiência da descoberta permanente do caráter e da graça do Eterno e, em fazendo isto, permanecer no Seu caminho. Estes são os que não se rendem à fragmentação da existência humana – fruto destruidor do pecado - mas devotam-se à vida plena – vida “inteira”: santificada no espírito, na alma e no corpo (I Ts.5:20). Em outras palavras, são as pessoas, de fato, íntegras desta vida.
Há que se considerar que tais pessoas íntegras – porque assim Deus graciosamente as transformou – são pessoas que enfrentam os dilemas da vida, e de sua própria subsistência neste mundo, em meio a não poucas angústias e dores. É o paradoxo da salvação: somos salvos do domínio das trevas, da consequência do pecado e da condenação do mundo, mas vivendo profundamente inseridos na realidade deste, o que provoca não pouco cansaço. Daí a necessidade de um refúgio seguro e permanente. O refúgio, porém, não é um local específico, mas uma atitude de devoção que gera profundo descanso e renovação da fé e da esperança em meio ao caos deste sistema de valores inevitavelmente inimigo de Deus: o refúgio, para os íntegros, é o caminho do Senhor.
O caminho do Senhor é a vida que somos chamados a descobrir na jornada relacional com Ele, e por isso é um caminho. É preciso entender, de imediato, que o caminho é do SENHOR (palavra que traduz YHWH – o Absoluto dos absolutos; O Eterno). Portanto, não há como discerni-lo em nenhuma ciência ou iniciativa humana. A maneira mais materializada e humanamente acessível de reconhecer este caminho é através do conhecimento das Escrituras – a Bíblia. Não é por acaso que nos últimos séculos ela vem sendo literalmente atacada no sentido de relativizar sua veracidade e autoridade sobre todas as coisas. No entanto, meus amigos, preciso lhes confessar que crer no que a Bíblia diz e na veracidade de suas afirmações é uma opção pessoal e, como está implícito, de fé. Se não houver fé neste princípio fundamental, não haverá relação com o Deus Absoluto que nós, cristãos, adoramos.
Não somos nós quem define as nuances deste caminho. Isto é prerrogativa dEle. Que fique claro, então, que a menos que limpemos nossas mentes e corações de amarguras, traumas e descontentamentos sociais e até religiosos, jamais experimentaremos a realidade deste caminho: continuaremos cansados, agitados e desprovidos de segurança e paz. Continuaremos preocupados em atacar tudo e todos como o principal meio de defesa – defesa do próprio ego. A relação com Deus não é algo que ser humano algum inicia com suas afirmações ou concepções intelectuais. A iniciativa é toda dele – a cruz deve nos lembrar constantemente disso. Portanto, não há, para nós, outra maneira de o buscarmos a não ser a partir de Sua Palavra e de uma oração responsiva às realidades espirituais advindas deste possível encontro.
O caminho do Senhor é a vida pautada em Seus mandamentos. Eis aí uma expressão que, em nossos dias, agride a ilusória concepção popular de liberdade. “Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados” (I Jo.5:3). Os mandamentos de Deus são as orientações divinas para a jornada da vida plena. A ideia de um desmancha-prazer está longe da realidade deste princípio. É necessário que enxerguemos o propósito de Deus: conduzir-nos por meio dos Seus absolutos valores à experiência da vida em abundância (Jo.10:10), vida no seu maior e mais autêntico prazer. Por isso precisamos ver o refúgio como atitudes e não como um momento ou local. O refúgio é o caminho do Senhor: é no movimento de uma vida comprometida com a vontade dEle , de maneira radical e contracultural. É o caminho de Jesus.
Para os que estão cansados da religiosidade hipócrita e superficial, é normal proclamar uma atitude contracultural no sentido de confrontar certos costumes da religião estabelecida. Porém, queridos amigos, antes de tudo, é a cultura anti-Deus que deve ser confrontada – mesmo que seja na religião – mas, sobretudo a que domina mente, conceitos e valores de uma sociedade globalmente “destituída da glória de Deus” (Rm. 3:23). Para que tenhamos autoridade em tal confronto, precisamos estar revestidos de um estilo de vida que surge na expressão da vontade de Deus e não em nossas concepções pessoais. Assim, como está claro, se obedecermos aos Seus mandamentos andaremos em Seu caminho e, definitivamente, encontraremos o refúgio pelo qual nossa alma tanto anseia diariamente.
Quando Jesus ficou diante de gente cansada, desgastada, estressada e desconfiada, ele as chamou para encontrarem descanso nele (Mt. 11:28,29). É claro que não se tratava de uma experiência física, mas de uma mudança de mente e atitude que desembocava no seguimento dele, O Caminho, A Verdade e A Vida (Jo. 14:6). Ele convidou – e ainda convida – a todos para descansarem nele, no seu amor. Que amor! Agora, preste atenção nas palavras dele para os seus discípulos (os cansados que decidiram ir a ele e nele encontrar o refúgio da alma): “Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos do meu Pai e em seu amor permaneço. Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (Jo. 15:9-11). Este é o refúgio, o lugar da alegria plena.
O caminho do Senhor é a vida na imitação de Cristo. Jesus foi – e é - a expressão exata de Deus Pai (Hb.1:3). Logo, não há uma referência mais visível da vida no caminho de Deus como a vida de Jesus: seus valores, seus ensinos, suas prioridades, suas palavras, suas ações e reações. Ele foi aqui uma pessoa totalmente desprovida de parcialidade, a não ser o seu absoluto compromisso com a vontade de Deus. Ele sabia que existia para cumprir este propósito: este era o seu caminho e este era o seu refúgio. Ele é o nosso modelo, não há outro.
Desenvolver uma vida de imitação de Jesus é o nosso grande refúgio. É a certeza de estar trilhando o caminho certo. É a experiência que renova o ânimo e fortalece a alma. Imitar Jesus é cuidar prioritariamente dos negócios do Pai. É o sucesso destes negócios que deve determinar o alvo da nossa missão. Mas, é sucesso medido com os critérios de Deus. Isso diz respeito à transformação do ser humano – de dentro para fora – e, consequentemente das famílias e sociedade. Nenhum ufanismo, publicidade ou assistencialismos religiosos serão critérios para avaliar tal sucesso. Na chamada para o Reino – que João Batista, Jesus e os apóstolos proclamaram –, um fator estava em destaque: uma mudança que se manifeste em frutos de arrependimento. Isso porque Deus é o centro de tudo! Jesus, o nosso modelo, curou doentes, alimentou multidões, discutiu com religiosos etc. Mas, a única reação que ele exaltou foi aquela que demonstrava fruto de arrependimento – e o reconhecia como ele era – e é: Senhor absoluto. Este é o caminho. Este é o nosso refúgio!
Ele não chama pessoas perfeitas para trilhar este caminho, mas, pela ação interior do Espírito de Deus, Ele mesmo as aperfeiçoa na medida em que crescem (crescemos) na semelhança de Cristo.
A última afirmação do texto de Provérbios 10:29 fala por si: “mas é a ruína dos que praticam o mal”. A grande realidade desta declaração é simples: Deus não é uma opção de refúgio. Ele não é um amuleto para se buscar em momentos de dificuldades. Ele é A única opção de refúgio permanente. Quem segue o Seu caminho experimenta este mistério. Para os outros – todos os outros – por mais encantadores que sejam aos nossos olhos, por mais belas que sejam as aparências das suas obras, estão entregues à inclinação do mal que neles habitam (Rm. 1:28-31), e para esses, o caminho do Senhor é ruína: é a declaração da herança que os espera se não mudarem o rumo de sua existência. O verdadeiro cansaço ainda não se manifestou para tais pessoas... e jamais terminará. Esta declaração não faz sucesso e nem parte de discursos que barganham tanto os valores de Deus para agregar seguidores e amigos, mas, fazer o quê? É isso o que dizem as Escrituras...
Assim, estamos diante desta realidade desafiadora: encontrar refúgio seguindo o caminho absoluto de Deus, ou amargar a ruína por desprezar o convite Divino.
“Este é o Deus cujo caminho é perfeito; a palavra do SENHOR (Absoluto dos absolutos) é comprovadamente genuína. Ele é um escudo para todos os quenele se refugiam” (Salmos 18:30).
Paz e muita alegria nEle!
Celso Tavares
1 comentários:
uau. Obrigada- isso saltou em meus olhos no seu texto- Mt11:29 Descansar no AMOR dele. Amem.
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