quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BEM AVENTURADOS OS SIMPLES!


Não é engraçado como gostamos de repetir frases famosas, ainda que não tenhamos compromisso com a proposta e realidade que elas nos transmitem? Algumas vezes as empregamos pelo impacto de suas palavras. Noutras, as usamos para ilustrar ideias e teses que nos propomos defender.

"Bem aventurados os simples", disse Jesus. Muitos de nós sabemos que ele estava descrevendo a essência do coração e do estilo de vida dos cidadãos do Reino de Deus. Mas, nem sempre nos lembramos de que esta característica é uma das consequências de se ter uma vida dominada pelo Espírito de Deus. Aliás, nem sempre parece que é um estilo de vida que somos orientados a adotar... mas é!

Pensemos seriamente numas questões:
   Por que não somos frequentadores e participantes assíduos das reuniões de edificação da igreja? Por que nos falta simplicidade.
  Por que não valorizamos com a devida consideração as oportunidades de encontros, confraternização e comunhão da igreja? Porque nos falta simplicidade.
   Por que não praticamos sistematicamente a disciplina da confissão mútua? Porque nos falta simplicidade.
   Por que não nos apresentamos prontamente para receber ministrações graciosas de cura e livramento quando nos são oferecidas, mesmo que estejamos necessitando de tais intervenções? Porque nos falta simplicidade.
   Por que não nos envolvemos pessoalmente no socorro ao pobre, doente, preso e necessitado? Porque nos falta simplicidade.
   Por que temos dificuldades em sermos hospitaleiros? Porque nos falta simplicidade.
   Por que temos dificuldades em sermos generosos, a despeito de nossas posses? Porque nos falta simplicidade.
   Por que não nos contentamos com um ensino objetivo e catequético - por repetições - como o que Jesus compartilhou? Por que nos falta simplicidade.
   Por que não nos aproximamos das pessoas ao nosso redor, sobretudo no ambiente da comunidade local, para estreitar os relacionamentos? Por que nos falta simplicidade.
   Por que temos tanto medo e receio de relacionar em profundidade com as pessoas? Porque nos falta simplicidade.
   Por que vivemos inquietos e ansiosos acerca dos recursos financeiros e materiais? Porque nos falta simplicidade.
   Por que não nos submetemos a um processo de discipulado, ou direção espiritual? Porque nos falta simplicidade.
   Por que temos dificuldades em nos render e entregar numa atitude de adoração e louvor cheia de fervor e espontaneidade? Porque nos falta a simplicidade.
   Por que temos tanta dificuldade em pedir perdão às pessoas, mesmo estando conscientes de que as ferimos? Por que nos falta simplicidade.
   Por que preferimos, tantas vezes, continuar sem entender um ensino, ao invés de pedir ajuda, explicação ou esclarecimentos? Porque nos falta simplicidade.
   Por que temos vergonha de pedir ajuda, mesmo material, quando dela necessitamos? Por que nos falta simplicidade.
   Por que não trabalhamos apenas para suprir nossas necessidades e ajudar aos necessitados? Por que nos falta simplicidade.
   Enfim, por que não somos mais simples? Definitivamente, porque nos falta simplicidade.


É claro que a lista de questões poderia seguir, talvez, quilometricamente. No entanto, aí estão algumas questões básicas que devem nos levar a pensar, meditar profundamente, e a reagir de acordo com nossa consciência cristã e com os valores do Reino de Deus que abraçamos, se é que de fato assim o fizemos.

A simplicidade não é um simples método de se combater os supérfluos que habitam nosso estilo de vida atual. Simplicidade é uma atitude profundamente espiritual. Ela nasce no interior, no coração, e ganha vida e forma em nossas escolhas. É uma atitude, acima de tudo, libertadora!

Quem anda no caminho do discipulado de Jesus, assim o faz porque o conheceu, experimentou o impacto da Verdade absoluta, e por ela foi liberto. Portanto, um discípulo de Jesus é um indivíduo "livre", e como tal pode e deve abraçar a vida simples.

Cultivar a simplicidade é descomplicar-se. É facilitar o acesso à vida "boa", vida abundante (Jo. 10:10) para si e para os outros. É vivenciar e modelar uma espiritualidade linda, acessível, profunda e atrativa. Esse é o modelo de Jesus.

Na simplicidade, a oração é simples, é curta, mas é honesta e intensa. Na simplicidade, a adoração é fácil e espontânea, mas é verdadeira e profunda. Na simplicidade, a pregação é básica e catequética, mas é fundamental e formativa. Na simplicidade, os cultos são encontros, mas são edificantes e transformadores. Na simplicidade, a generosidade é singela, mas é constante e significativa. Na simplicidade, a comunhão é natural e desinstitucionalizada, mas é vínculo, é relacionamento. Na simplicidade, a linguagem é despretenciosa, mas é saudável e restauradora. Na simplicidade, nada é mercado, mas tudo é serviço. Na simplicidade, igreja não é prédio, mas é gente que ama estar e caminhar juntos. Na simplicidade, santificação é vida natural e integral, não é lei nem dogma, mas é santa, e é encarnacional. Na simplicidade, o evangelho é Jesus, mas é seguido de discipulado e compromisso. Na simplicidade nenhuma obra é sacrifício, tudo almeja o amor.

Possivelmente, o simples não sabe que o é. Mas, por outro lado, quem não é sabe o que lhe falta. Essa é uma realidade nossa de cada dia. Na constatação de qualquer necessidade, devemos nos reconhecer como "necessitados", e ao assumirmos tal estado, precisamos correr em busca da correta provisão. Neste caso, a direção é clara: "Vinde a mim... Aprendei de mim que sou manso e humilde" (Mt. 11:28,29) - Jesus nos chama à ele mesmo: ele é o nosso referencial absoluto. Ele é a nossa cura e a nossa libertação. Aleluia!

Bem aventurados os simples... Definitivamente, bem aventurados!

Celso Tavares

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A SIMPLICIDADE DO DISCIPULADO


                                            Jesus, a própria ideia de Ti
                                              Toma-me com doçura densa;
                                              Mais é ver-te o rosto aqui
                                              E ficar em Tua presença
                                               Bernardo de Clairvaux

Quem é o seu mestre? Você é discípulo de quem? Sinceramente.
Uma coisa é certa: você é discípulo de alguém. Você aprendeu com alguém a arte de viver. Não ha exceções a essa regra, pois o ser humano é o tipo de criatura que precisa aprender continuamente com os outros a viver. Aristóteles observou que devemos mais aos nossos mestres do que aos nossos pais, pois embora os pais tenham nos dado a vida, os mestres nos ensinaram a vida reta.

Uma das transições principais da vida é justamente identificar quem nos ensinou, nos conduziu, e depois avaliar os resultados que essa orientação deixou em nós. É uma tarefa angustiante, e às vezes simplesmente não conseguimos assumi-la. Mas também pode abrir a porta para a escolha de outros mestres, possivelmente mestres melhores, e acima de tudo um Mestre.

O pressuposto do projeto de Jesus para os seus seguidores na terra era que eles viveriam como seus alunos e colaboradores. Eles o achariam tão admirável em todos os aspectos – Sábio, belo, poderoso e bom – que constantemente buscariam estar na sua presença para receber dele orientação, instrução e auxílio em todas as facetas de suas vidas. Pois ele é de fato o cabeça vivo da comunidade do amor em oração em todo o tempo e espaço... Na sua presença a nossa vida interior se transforma, e seremos pessoas para quem o modo de agir de Jesus é o natural (e sobrenatural).

COMO SER DISCÍPULO
Convém notar que ser discípulo, ou aprendiz, de Jesus é uma coisa bem definida e óbvia. Fazer mistério disso é compreender erradamente o que significa. Não há razão que justifique o fato de alguns duvidarem que são realmente seus alunos. E sempre haverá prova bem clara de que determinado indivíduo é ou não seu aluno, embora talvez não estejamos em posição de colher essa prova e raramente tenhamos motivo legítimo para colhê-la ou usá-la.

Hoje aceita-se quase universalmente que você pode ser cristão sem ser discípulo. E aquele que de fato age como aprendiz e colaborador de Jesus no seu cotidiano é sem Duvida nenhuma “cristão”em todos os sentidos fundamentais dessa palavra. O próprio termo cristão foi explicitamente introduzido no Novo Testamento – em cujo texto, a propósito, ele somente é usado três vezes -, aplicando-se aos discípulos quando não podiam mais ser chamados judeus em função de haver entre eles muitos gentios.

Ora, quando interpelamos as pessoas perguntando se são aprendizes de um importante político, músico, advogado ou roteirista de cinema, elas não precisam nem de um segundo para responder. O mesmo se dá se fazemos a mesma pergunta a pessoas que estudam espanhol ou alvenaria com alguém desconhecido do público. É algo que dificilmente escaparia à atenção de qualquer um. Como então não afirmar o mesmo do discipulado de Jesus?

Porém, se perguntarmos se fulano é um bom aprendiz desse ou daquele profissional, aí pode haver hesitação. Talvez ele responda não. Ou sim. Questionado sobre se poderia vir a ser melhor aluno, provavelmente responderia que sim. E tudo isso está perfeitamente de acordo com a ideia de ser discípulo ou aprendiz. Pois ser discípulo em qualquer campo ou relacionamento é não ser perfeito. É possível ser um novato bastante inexperiente e incompetente e ser, apesar disso, um discípulo.

Faz parte do revigorante realismo dos Evangelhos observar que Jesus muitas vezes “bronqueia”com os discípulos. Isso, contudo, nada tem que ver com rejeitá-los. É, de fato, uma forma de ser fiel a eles, assim como o castigo é o meio de que Deus se utiliza para mostrar que alguém é seu filho (Hb. 12:7-10). Um bom “mestre” leva os seus aprendizes a sério e, portanto, chama a atenção deles sempre que necessário.


O QUE É UM DISCÍPULO
Com base no que dissemos acima, então, discípulo ou aprendiz é simplesmente aquele que decidiu estar com outra pessoa, em condições adequadas, a fim de ser capaz de fazer o que faz o mestre, ou de tornar-se o que é o mestre.

Como aplicar esse conceito ao discipulado cristão? O que faz exatamente Jesus, o Senhor encarnado? Ou podemos perguntar: em que ele “é bom”? A resposta se encontra nos Evangelhos: ele vive no reino de Deus, põe em prática esse reino para o bem dos outros, e até possibilita que as pessoas entrem elas mesmas no reino. As mais profundas verdades teológicas sobre a sua pessoa e a sua obra não contrariam essa simples realidade. É aquilo a que ele nos chama ao dizer: “Segue-me”.

O relato que Pedro nos dá da primeira apresentação “oficial” do Evangelho aos gentios representa um retrato preciso do Mestre de quem somos aprendizes. “Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judeia, tendo começado desde a Galileia”, disse ele a Cornélio, “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele”(At. 10:37,38). E como discípulo de Jesus, eu estou com ele, por escolha própria e pela graça, aprendendo com ele a viver no reino de Deus. Essa é a ideia crucial. Isso significa, convém lembrar, viver dentro do alcance da vontade eficaz de Deus, a sua vida fluindo pela minha. Outro modo expressivo de falar a mesma coisa é dizer que estou aprendendo com Jesus a viver a minha vida como ele viveria a minha vida se fosse eu. Não estou necessariamente aprendendo a fazer tudo o que ele fez, mas sim aprendendo a fazer tudo o que faço da maneira que ele fez tudo o que fez.

A HORA DE DECIDIR: O PODER DA DECISÃO E DA INTENÇÃO
O passo final de quem pretende tornar-se discípulo é decidir. Só a decisão pessoal faz de alguém aluno de Jesus para toda a vida. E só depois de avaliar com clareza o “preço” - os ganhos e as perdas de quem se torna, ou não, aprendiz de Jesus – é que se pode tomar uma decisão correta. Porém, a decisão é imprescindível. Não é algo que simplesmente aconteça. Ninguém cai de paraquedas no discipulado.

Essa decisão parece algo simples, mas hoje é normalmente esquecida ou desconsiderada, mesmo por aqueles que julgam ter sincero interesse em Jesus e no seu reino. Raramente encontro alguém que já tenha de fato tomado a decisão de viver como aluno de Jesus do modo [como tenho] analisado. A maioria dos cristãos confessos jamais teve isso muito claro para si. Confusões correntes acerca do significado dessa decisão, e a incapacidade de líderes e professores em dar instrução a respeito dela e enfatizar a questão do discipulado, tornam a situação praticamente inevitável.

Mas em última análise, só deixamos de ser discípulos porque não decidimos sê-lo. Não temos a intenção de ser discípulos. Falta em nossa vida a força da decisão e da intenção. Devemos nos fazer aprendizes de Jesus num momento solene, e devemos também revelar essa decisão aos que nos cercam.

Extraído e condensado por Celso Tavares, a partir do texto de Dallas Willard, no livro “A Conspiração Divina” (Ed. Mundo Cristão), cap. 8, pp.299-327.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

OLHO NA AGENDA!

Alteramos a nossa programação. Por favor, dê uma conferida na agenda da igreja no link ao lado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DESFERINDO GOLPES

Quanta pancadaria! Essa é uma expressão que traduz bem o espanto dos cidadãos de paz diante do que temos presenciado nestes dias, nos mais diversos setores da sociedade. Tem gente desferindo golpes violentíssimos pra tudo quanto é lado!
São políticos que se degladiam durante as campanhas eleitorais e até mesmo durante seus serviços patrióticos enquanto cumprem seus mandatos. São líderes religiosos agredindo uns aos outros publicamente e envolvendo – ou influenciando – seus leais seguidores. São militares que atacam os criminosos intensificando a crueldade ao “impor a lei” via violência e terror. São homens e mulheres que se agridem, e até matam, em casa e nas ruas semeando violência e vingança nos casamentos e na criação de filhos. São crianças, vítimas dessa situação toda, que atacam pessoas de quaisquer idades a fim de conseguir o que desejam obter, sem limites e nem consciência das conseqüências de seus atos para elas mesmas e para a sociedade. E assim vai... Ou, tem sido.

Estamos rodeados por um verdadeiro ringue onde o combate de egos se apresenta para todas as pessoas, não apenas para que assistam, mas, pior, para que os assistentes se estimulem a “pular pra dentro” e ajudar na pancadaria. Tanto o espetáculo quanto a sedução para o envolvimento tem sido feita através dos meios de comunicação e mídia mais variados: televisão, jornais, revistas, rádios e internet – essa última, então, onde tudo mundo é quase ninguém (por serem virtuais), tem sido o veículo-mor da propagação dos sons e imagens da violência. Usando o jargão do Boris Casoy: “Isso é uma vergonha!” Isso mesmo, afinal o que está por trás de todas as guerras que ocorreram e ainda ocorrem? Uma nojenta disputa de egos. Como escreveu Tiago, o apóstolo, “Se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disto, nem neguem a verdade. Esse tipo de ‘sabedoria’ não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é demoníaca. Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males” (Tg. 3:14-16).

Em alguns momentos, chegamos até a propor piadas e diversão à custa deste cenário. Mas, que fique claro: isso não é motivo de diversão, nem é entretenimento. É coisa séria! Afinal, essa realidade ajuda a destruir a alegria de viver.

Fico pensando que existem, de fato, certos golpes que deveriam ser desferidos entre uns e outros, a fim de lidar com esse espírito de destruição que vigora neste nosso mundo. No entanto, não é bem um golpe que agride, fere ou mata. Mas um golpe que suscita paz, aliança, bem estar, alegria e vida. O golpe que Jesus Cristo desferiu sem retenção de munições: o poderoso golpe do amor. Parece até utópico, eu sei, mas é isso que move Deus e deveria mover as relações dos seres por Ele criados (ou dos cidadãos de bem, para os que não crêem nEle). Esse é o golpe que põe fim à arrogância dos violentos, aos destruidores da ética e da moral, ao apetite dos gananciosos e à crueldade dos malignos.
Durante o tempo da opressão da ditadura militar no Brasil, Geraldo Vandré compôs um hino (“Pra Não Dizer Que não Falei das Flores”) profético e revolucionário – o que lhe custou a liberdade – que entrou para a história como um clamor cantado e que, ainda, parece ser relevante para nossos dias. Preste atenção na força de suas palavras:
             Há soldados armados, amados ou não
             Quase todos perdidos de armas na mão
             Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
             De morrer pela pátria e viver sem razão...

             Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
             Somos todos soldados, armados ou não,
             Caminhando e cantando, e seguindo a canção,
             Somos todos iguais, braços dados ou não...

Há uma possibilidade de mudar essa situação, nem que seja a partir da sua área de vivência e relacionamentos, cada um no seu quadrado: o amor é um dom divino ofertado gratuitamente a todos quantos o desejem. No pacto com Deus, e pela experiência relacional e pessoal com Jesus Cristo, o Espírito de Deus encharca os nossos corações com tal virtude (Rm.5:5). Daí em diante, o fruto é um estilo de vida dominado pelo amor. É algo extra-ordinário! Não apenas é possível, mas é um fato originado na palavra divina.

Então, o que uma geração deve passar à outra? A liberdade de uma opressão, oprimindo os outros? O bastão da conquista pela força do poder, da riqueza e da violência que mata e não expressa compaixão? Claro que não. Nossa geração precisa valorizar a vida – nossa e dos outros – preservando-a através dos golpes de amor incondicional que “não retribui mal por mal, não vinga, não pratica o mal contra o próximo (Rm. 12 e 13), e que “é paciente, é bondoso,não inveja, não se vangloria, não maltrata, não busca o seus póprios interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, porque se alegra com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta” (I Cor. 13:4-7). Isso é o que precisamos fazer, semeando esperança e mudança para hoje e para o amanhã, à luz do que temos vivido até ontem. Ainda pensando nas palavras de Vandré...
             Os amores na mente, as flores no chão,
             A certeza na frente, a história na mão,
             Caminhando e cantando, e seguindo a canção
             Aprendendo e ensinando uma nova lição...


Se você me perguntar como é possível encarnar este estilo de vida, a minha resposta – para você e para mim – é simples e objetiva: dê uma considerável mirada na vida e na obra de Jesus Cristo: ele foi aqui na terra a expressão exata de Deus (Jo. 1:18), que é, em essência, todo amor (I Jo. 4:8), e oriente-se no sentido de imitá-lo a partir de sua própria motivação existencial.

Finalmente, não quero convidá-lo a atirar a primeira pedra, mas a desferir os primeiros golpes de amor. O momento de começar a mudança é agora. A primeira pessoa que deve agir assim é você. Aliás, toda mudança começa a partir de você mesmo. O resto (a não violência, a não propagação de imagens e sons violentos etc.) será apenas fruto do estilo de vida que, conscientemente, decidir abraçar. Afinal, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”

Muita paz e alegria a todos!

Celso Tavares

domingo, 3 de outubro de 2010

UM ARROZ, UM FEIJÃO E UM SORRISO



Estava passando uns dias de férias com minha família, no sul do país, numa região onde se concentram algumas colônias italianas. Naquele domingo, havíamos decidido ir ao estádio de futebol assistir um dos times da cidade jogar uma partida amistosa preparatória para o campeonato estadual que estava por começar.

Uma vez que o time em questão estava fazendo o seu período de concentração pré-temporada no mesmo hotel onde estávamos hospedados, e aproveitando que fizemos – principalmente os meus filhos – amizade com alguns jogadores e membros da comissão técnica, perguntamos a eles qual o procedimento para entrar no estádio para aquela partida específica. Então, nos informaram que os torcedores estariam levando um quilo de alimentos não perecíveis como “ingresso”.

Já que queríamos agir como os demais torcedores, antes da partida, saí para comprar algo para levar ao estádio e garantir a nossa entrada. Porém, como era domingo, e o hotel não ficava exatamente dentro da cidade, não encontramos supermercados abertos por ali. No entanto, acabei encontrando uma mercearia funcionando: um “pequeno” estabelecimento comercial, mas que possui – percebi posteriormente – uma grandiosa filosofia de vida.

Fui até uma das prateleiras, peguei o produto e dirigi-me ao balcão para pagar: um pacote de arroz. Em seguida, uma senhora italiana sorridente veio me atender, e já manifestou sua cordialidade: “Vai preparar um belo risoto, hein?” Ao que respondi espontaneamente: “Não, querida, apenas o arroz mesmo.” Ela então fez o simples, mas profundo, comentário: “Isso aí: um arroz, um feijão, e um sorriso, é tudo o que precisamos para uma bela refeição!

Saí daquele lugar com uma intensa sensaçãp de alegria, concordando maravilhado com aquela autêntica filosofia de contentamento. E assim, ainda estou refletindo naquela preciosa lição existencial que me foi compartilhada: será que é tão difícil contentar com o que é simples e suficiente?

Paz e alegria!

Celso Tavares

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

FÉ ENGAJADA

"Não podemos reduzir a Igreja a um clube religioso de iguais, que se refugia do mundo,
põe a fé em um compartimento e espera a morte e o além,
enquanto promove entretenimento e espetáculos alienantes, sem profundidade e sem visão."


Robinson Cavalcanti
em "A igreja, o país e o mundo - desafios de uma fé engajada"

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CHEGOU A HORA!!!

SEXTA, 17/09 ÀS 20h
"CONVERSA ENTRE HOMENS"

Momento de compartilhamento, adoração, companheirismo e
intensa confraternização movida a bate-papo, jogos e uma boa comida.
A sua parte é só participar!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A VIDA É UM PROCESSO DE SEMEADURA

A crise da igreja não é de inteligência, mas de ética e honestidade!” Esta frase é parte de uma declaração que o pastor Ricardo Agreste fez à Revista Época em meio à reportagem que a mesma publicou sobre “Os Novos Evangélicos” há algumas semanas atrás. E foi exatamente esta frase que nos inspirou a, durante algumas semanas, ensinarmos e conversarmos a respeito do desafio da ética e da honestidade, à luz do texto bíblico de Lucas 6:17-49 - este texto que resume intensamente o chamado “sermão do monte” registrado do evangelho de Mateus, caps. 5 a 7.
 De imediato, fizemos a análise do conteúdo considerando as seguintes observações:
         • A realidade atrativa e transformadora da Presença de Jesus – uma dinâmica inclusiva
         • A característica “apostólica” da comunidade dos discípulos de Jesus
         • A Igreja como uma comunidade terapêutica
         • A Igreja como uma comunidade escatológica
         • O fundamento absoluto do amor
         • A ética da igreja demonstra os frutos da presença do Reino de Deus entre nós


Vale observar a princípio, entretanto, que tal crise de ética e honestidade, como observou Ricardo Agreste de maneira coerente e feliz, não é uma característica exclusiva da “igreja”, mas da sociedade como um todo. Há muitos anos tenho visto em diversos lugares alguns adesivos em automóveis com a declaração: “A crise é de ética”. Porém, é claro, isso não minimiza o fato de que a igreja deve ser uma agência de transformação da sociedade, a partir dos princípios e valores do Reino de Deus ensinados e vivenciados por Jesus, e esperado de seus discípulos. É por isso que Jesus enaltece o caráter dos verdadeiros discípulos do Reino, que tem suas vidas marcadas pela esperança, fé e amor, mesmo que isso custe “pobreza”, “fome”, “choro” e “exclusão” (ou perseguição por causa da identificação com Seu nome, Sua vida e Sua obra), e por outro lado lamenta que, mesmo entre a comunidade dos discípulos, outros tenham um estilo de vida caracterizado por “fartura” (têm e desejam mais do que precisam), “risos” (prazer existencial a partir de diversões e entretenimentos), “aprovação geral” por agradar a todos (elogiados por todo tipo de gente...) etc – Veja Lc. 6:20-26.


Creio que é bom lembrar que vivemos aqui, ao longo da jornada da vida, um verdadeiro processo de semeadura: somos comissionados para expandir o misterioso e “subversivo” Reino de Deus, para agirmos como sal e luz, enfim, para sermos referencial de “justiça, paz e alegria” (Rm. 14:17). Portanto, devemos viver intensamente nossa vida neste mundo com o propósito de sermos, de fato, a continuidade da manifestação da vida de Jesus e do poder do Reino de Deus, sem que isso se fundamente nas parafernálias periféricas proporcionadas por discursos moralistas – quase irracionais -, vocabulários “espiritualóides” e alienantes, liturgias sem conexão com a vida e com a proposta de experiência com o Eterno, exercícios de juízos sobre as pessoas e suas possíveis falhas, sectarização social (que faz dos religiosos da igreja não uma comunidade que existe para o bem estar de todos, mas um “gueto” social e cultural movido pela ambição de poder e conquistas, voltado exclusivamente para os seus próprios interesses etc.).


Como observou o apóstolo Paulo – que teve o propósito de lançar luz na aplicação prática do ensino de Jesus para todas as pessoas, em seus contextos específicos: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá”(Gal. 6:7). Assim, principalmente nós os que nos consideramos discípulos de Jesus, devemos considerar atentamente o nosso estilo de vida diante da própria igreja e da sociedade na qual estamos inseridos.


Finalmente, é essencial refletirmos no que Jesus – nosso Senhor e referência absoluta – compartilhou que nos aguarda “naquele dia”, quando todas as nossas obras (resultantes do que realmente preenche nossos corações – Mc. 7:21) receberão então o julgamento adequado (não se trata aqui de lançar culpa sobre ninguém, mas nos fazer lembrados das palavras do Senhor dirigida aos seus discípulos):


Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-à em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.


Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! ‘Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’.


Então os justos lhes responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’ O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a alguns dos meus menores irmãos, a mim o fizeram.’


Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de mim para fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos. Pois eu tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês não me acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e preso, e vocês me não me visitaram’.


Eles também responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado ou enfermo ou preso e não te ajudamos?’ O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: O que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo’."  (Mt. 25:31-45).


Assim, minha gente, somos desafiados – dia a dia – a prosseguirmos semeando aquilo que Deus, pela habitação do Seu Espírito, tem colocado em nosso espírito: a semente da vida justa e abundante (Jo. 10:10). A nossa responsabilidade é agir em amor e obediência a Deus. O resultado, certamente, será a manifestação impactante e revolucionária dos frutos transformadores do Reino de Deus na vida de cada discípulo, na igreja e na sociedade.


Enfrentemos a crise constatada, com a mente e o coração encharcados do caráter de Deus, buscando ardentemente sermos cooperadores nas soluções, ainda que pequenas e despretensiosas, para algumas deficiências sociais provocadas pela mesma.


Paz e muita alegria a todos!


Celso Tavares

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DESCANSAR: UMA ATITUDE CONTRACULTURAL E URGENTE!

Deus criou o mundo e todos os seres – animais e vegetais, inclusive o ser humano – e descansou no sétimo dia. Essa é uma declaração conhecida e boa para justificar a legitimidade do descanso – o shabbath - afinal, Deus mesmo deu o exemplo. No entanto, Mike Breen e Walt Kallestad[1], escritores e líderes cristãos, chamaram a minha atenção para um princípio, no relato da criação, que deve nos levar a pensar nisso de maneira mais pertinente ainda. Veja bem: Deus criou todas as coisas e, no processo da criação, criou por último o que é considerado o principal de todos os seres criados, o ser humano. Por isso, a Bíblia relata que Deus disse, após criar o homem: “É muito bom!” Mas, o fato mais impressionante é que o primeiro dia de existência do homem foi um dia de descanso. A partir de então, vieram a outras etapas: do auto-conhecimento, do conhecimento do mundo ao redor, do trabalho etc. Não é algo, de fato, interessante?

Em nossos dias, a máxima que predomina é que “quem trabalha merece descanso”. Isso é legítimo até do ponto de vista das normas trabalhísticas, o que não está necessariamente errado. Porém, a partir da perspectiva de Deus, poderíamos dizer que “trabalha melhor quem está devidamente descansado”. Ou seja, olhando dessa lógica, podemos ver que o descanso é que nos prepara para o trabalho e outras atividades da vida e não o contrário. E como essa afirmação tem o fundamento do Reino de Deus, é claro, ela é, de certa forma, contra-cultura. Breen e Kallestad são categóricos em suas considerações: “Devemos trabalhar a partir do descanso e não descansar do nosso trabalho. O descanso é o ponto de partida saudável que Deus tem para nós. Esta é a ordem que Deus estabeleceu para nós: descansar, e então trabalhar.[2]

Em nossos dias é exorbitante e crescente o índice de indivíduos cansados, desgastados e estressados por causa do excesso de atividades (trabalho, estudos, reuniões e até entretenimento) e informações. O clamor por descanso é um berro que ecoa do corpo e da alma. E o pior é que já está gerando uma poluição sonora existencial – há uma multidão que clama, uma multidão que ouve, e uma multidão que nada faz a respeito! Mas, parece que a ordem social que predomina não alivia a barra de forma alguma. Bem, os reflexos desse estilo de vida sobrecarregado é visto nas doenças físicas e psicossomáticas, nas fragmentações conjugais e familiares, nas manifestações publicadas de impaciências, violências, agressões e na tirania da pressa que tem tornado as pessoas em seres que anseiam e lutam por uma vida mais tranqüila (o que custa caro, e parece ser para poucos).

Mas, pense nisso com honestidade: como seria se encarássemos os descanso como o fundamento e não como a conseqüência? Algumas atitudes, certamente, seriam transformadas:
  • O descanso seria o treinamento e as atividades a prática. 
  •  A expectativa pelo trabalho seria diferente: o rendimento seria a conseqüência do descanso e não da pressão do mercado. 
  • O descanso certamente ditaria o limite que estabeleceríamos para o tempo a ser gasto nas atividades ao longo dos outros dias e momentos. Ao menor sinal de excesso, o soaria – como já o faz – o alarme do corpo e das emoções. 
  • O dia de descanso seria, de fato, um tempo sagrado a se observar com mais reverência, e não o Oásis desejado em meio ao deserto da semana, do mês ou do ano. 
  • Os relacionamentos, as escolhas e decisões seria frutos do descanso e não reflexos de atitudes impensadas e reativas.
A proposta do descanso (sabático) é parar. Isso mesmo! Parar. Nas palavras de David Kundtz[3]parar é ficar sem fazer nada o máximo possível, por um período definido (de um segundo a um mês), com o propósito de se tornar mais desperto e saber quem você é”.  Ele explica ainda que não devemos confundir esse não fazer nada com uma falta total de atividade. “Não fazer nada é de fato realizar algo muito importante: é permitir que a vida aconteça – a sua vida”, conclui Kundtz.
Ao longo do texto Bíblico podemos perceber que há uma coerência com essa realidade da importância de primeiro parar para depois seguir na missão da vida: Deus criou Adão e, após a parada sabática, o coloca no trabalho da supervisão e cuidado com o resto da criação. Depois, em outros eventos e personagens encontramos dinâmica semelhante: Noé, teve que parar tudo para prosseguir depois com o recomeço da história; Moisés, teve que parar para se encontrar com Deus e receber a missão de libertação do povo hebreu do Egito, e depois ainda teve, por direção Divina, várias paradas ao longo da jornada; enfim, Jesus, o referencial absoluto, antes de partir para sua jornada ministerial foi levado para uma parada, sozinho, no deserto. Não é por caso que essas pessoas citadas tiveram um período de parada que envolve o mesmo número: 40. É o número apropriado para a recriação de uma nova vida, uma nova “geração” (palavra que traduz, muitas vezes, o significado implícito do uso deste numero em certos eventos bíblicos).

Kundtz[4] propõe três modos específicos de parar:
  • Pausas Breves: Parar rapidamente e não fazer nada durante apenas um instante. Visam aproveitar os momentos aparentemente vazios: ao esquentar alimentos no microondas, escovando os dentes ou parado no sinal de trânsito. Ele descreve o procedimento assim: “Você para o que está fazendo, fica sentado ou em pé, respira fundo com os olhos abertos ou fechados, focaliza a atenção interiormente e recorda o precisa recordar. Pare, respire e recorde. Pode ser também um momento para fazer ou recordar uma oração. Engraçado, mas Kundtz diz que “o banheiro pode ser um dos melhores locais para se realizar uma pausa breve”. 
  • Escalas de Viagem: Períodos maiores do que as pausas breves: de uma hora a vários dias. Pode ser dar numa tarde, num dia ou num fim de semana. “Se você parar com freqüência, vai acabar aprendendo a ler a linguagem do seu corpo antes de ficar doente”. Eu diria que aqui está uma forte recomendação sobretudo para aqueles que tem cuidado com sua vida espiritual. Do dia específico ao momento da adoração comunitária, essa parada sabática é sagrada e não deveria ser trocada por outras atividades desgastantes. Para nós cristãos – a maioria de nós, é claro – temos um dia que é feriado legal (domingo), no qual temos toda a condição de o aproveitarmos como um período sabático e terapêutico. Daí a minha insistente proposta de que se observe este dia como dia de adoração e descanso, e por isso não devemos enchê-lo de atividades – mesmo religiosas -  reuniões, e muito menos outras atividades que não promovem descanso para o indivíduo e para a família (trabalho, estudos, competições, correrias etc.). 
  • Paradas Gerais: Essas, em certas escalas, provavelmente, acontecerão poucas vezes na vida da maior parte das pessoas, e nem todos precisam delas. São períodos que vão de uma semana a um mês ou mais. Para muitos, essa parada pode ser chamada de divisor de águas, quando ocorre em meio a um período de crise e que mudanças profundas precisam acontecer no próprio estilo de vida. Kundtz usa a metáfora do computador para explicar o que se consegue através de uma parada geral:
Pelo que entendo, um computador examina minuciosa e constantemente numerosos bits de informação, selecionando apenas aquilo de que precisa para realizar a tarefa solicitada. É o que acontece no decorrer de uma Parada Geral. O seu computador interno esquadrinha a sua vida, tudo o que já se passou antes, todos os caminhos percorridos, todos os ensinamentos recebidos, todos os valores e objetivos de vida, para tomar a decisão desejada. Uma parte dessa investigação é consciente e deliberada, mas a maior parte dela é inconsciente e automática. É feita enquanto você anda de bicicleta, prepara as suas refeições, contempla o mar.[5]

Não sei dizer se deve ser do jeito que o Kundtz sugere que funcionará melhor para mim, para fulano ou beltrano. No entanto, de uma coisa eu sei: precisamos aprender o caminho contracultural do descanso. Isso é urgente! Falo isso por mim, pelas pessoas a quem atendo e com quem converso, e por você que, em meio a tantas tarefas, conseguiu parar por aqui e ler esse texto. Afinal, o titulo chamou, primeiramente, a atenção da sua mente, e ela está lhe dando pistas do que precisa ser feito.

Paz e alegria!
Celso Tavares





[1]BREEN, M. e KALLESTAD, W. “Uma Igreja Apaixonante”. CPAD. 2005.
[2] BREEN e KALLESTAD. Op. Cit.
[3] KUNDTZ, David. “A Essencial Arte de Parar”. Sextante. 2005.
[4] KUNDTZ, D. Op. Cit.
[5] KUNDTZ, D. Op. Cit.